domingo, 19 de julho de 2009

TAPEÇARIAS FRANCESAS DE GOBELINS E BEAUVAIS









A exposição Tapeçarias Francesas - Patrimônio e Criação é uma boa oportunidade para conhecer os gobelins - verdadeiras obras de arte. Essas tapeçarias feitas com tecidos ricamente ilustrados com composições da Manufatura Real dos Gobelins, na França, serão mostradas no Museu de Artes e Ofícios, de Minas Gerais, a partir desta quarta-feira, como parte das comemorações do Ano da França no Brasil. Os visitantes poderão ter contato com 20 obras pertencentes ao acervo do Museu do Mobiliário Nacional, na França.

A exposição traz 11 obras do século XVII, da série "Tapeçaria das Índias (o Novo Mundo)". Nove delas, da série "Antigas Índias", foram tecidas a partir de quadros do pintor Albert Van Der Eckhout (1610-1665), integrante da missão de cientistas e artistas trazidos ao Brasil por Maurício de Nassau (1604-1679), governador do Brasil holandês, entre 1637 e 1644. Em 1679, ano de sua morte, Nassau presenteou o rei Luís XIV com os oito grandes quadros de Eckhout sobre o Brasil, que originaram as tapeçarias de Gobelins.

Também chegam da França duas tapeçarias do pintor Alexandre-François Desportes (1661-1743), da série "Novas Índias", e quatro cartões originais pintados por Eckhout, que serviram de modelo para a confecção de tapeçarias, como O Combate dos Animais (Combat d'animaux) e O Cavalo Rajado (Le Cheval Rayé).

Atualmente, o governo francês convida artistas contemporâneos para criar desenhos para essas manufaturas. Por isso um dos módulos da exposição destaca justamente essa produção contemporânea de tapeçarias, com obras feitas a partir do trabalho de dez artistas de vários países: Claude Bellegarde (1927), Carole Benzaken (1964), Patrick Corillon (1959), Gérard Garouste (1946), Jean-Michel Alberola, Erro (Gudmundur Gudmunson), Shirley Jaffe (1923), Huang Yong Ping (1954), e os já falecidos Roberto Matta (1911-2002) e Raymond Hains (1926-2005).

Gobelins
A Manufatura de Gobelins usa desde 1826 exclusivamente a técnica de alto liço - um cordão de algodão formando um anel que aperta um de cada dois fios da urdidura vertical. Esta técnica caracteriza-se pelo emprego de um tear vertical composto de duas hastes verticais de madeira ou de metal fundido. Os fios de urdidura de lã esticados verticalmente são separados em duas camadas. Uma é deixada livre enquanto a outra é munida de uma liça em cada fio. Acionando essas liças com a mão obtém-se o cruzamento dos fios necessários à execução da trama com a ajuda de um pente de madeira abastecido com lã que pode ser misturada com um pouco de seda ou de algodão. O tecelão fica sentado atrás do tear, e tece na contraluz o avesso da tapeçaria, e controla o lado direito por meio de um espelho.

Ainda hoje a técnica é empregada. São 15 teares ocupados por 30 tecelões. Eles estão instalados em dois prédios reformados respectivamente em 1999 e em 2003 nos recintos dos Gobelins. Todo ano, meia dúzia de tapeçarias é concluída. Diz-se que elas "caem" do tear, pois, ao final do trabalho, o tecelão e o criador do modelo cortam os fios da urdidura que prendem a tapeçaria. Todas as tapeçarias exibem o monograma da Manufatura G atravessado pelo desenho de uma agulha utilizada na tecelagem.

Tapeçarias Francesas - Patrimônio e Criação: De 15 de julho a 23 de agosto. Terça, quinta e sexta-feira, das 12h às 19h; quarta- feira, das 12h às 21h; e sábado, domingo e feriados, das 11h às 17h. Museu de Artes e Ofícios, Praça Rui Barbosa s/nº, Centro, Belo Horizonte, MG. Informações: (31) 3248 8600. Ingressos: R$ 4,00 (inteira), R$ 2,00 (meia - válida para estudantes e maiores de 60 anos) e entrada gratuita para todos no sábado e quarta (das 17h às 21h). www.mao.org.br

Rosana Ferreira - Terra

0 comentários: